sábado, 21 de junho de 2008

Chatô




O estudo dos conceito éticos e morais contidos no Código de ética do Administrador, quando confrontados com a carreira de Assis Chateaubriand, permite vislumbrar uma vasta gama de valores, haja vital importância que teve Chatô na história e no desenvolvimento do Brasil.




Assis Chateaubriand







O paraibano Chatô (como era conhecido) foi um dos homens mais influentes do Brasil nas décadas de 40 e 50 em vários campos da sociedade Brasileira.Criou e dirigiu a maior cadeia de imprensa do país, os Diários Associados: 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 estações de televisão, uma agencia de notícias, uma revista semanal (O Cruzeiro), uma mensal (A Cigara), várias revistas e uma editora.

A construção do império da comunicação começou a 4 de outubro de 1891 na cidade de Umbuzeiro, Paraíba, quando nasceu essa figura notável, Francisco de Assis Chateaubriand de Bandeira Melo, que, até aos dez anos, era gago e analfabeto.

Em 1935, ele entrou na era do rádio, a Tupi de São Paulo, em 1949 trouxe a novidade revolucionária com que se encantara no Exterior: a televisão.

Profundo incentivador de Cultura em 1947 Assis fundou O Museu de Arte de São Paulo, considerado o mais importante do mundo, organizado no pós guerra. Aproveitando o clima de dissolução da Europa, logo após a II Guerra Mundial, desintegrando suas ultimas coleções de arte e pondo a venda, numa oportunidade talvez única, acervos valiosos a preços de panico, Chateaubriand carreou para o Brasil, movendo todos os recursos particulares e oficiais disponíveis, as peças que hoje representam a História da arte no mundo, em seus momentos mais expressivos e consagradores.

Com o suicídio de Gertulio Vargas, assume a cadeira 37 da Abl- Academia Brasileira de Letras.

Sua estréia no Jornalismo foi aos quinze anos. Escreveu para o jornal pernambucano Gazeta do Norte, cursou Faculdade de Direito de Recife e assumiu a vaga de docência após passar em primeiro lugar num rigoroso concurso para cadeira de Filosofia do Direito; foi membro da Academia Brasileira de Letras; exilado por apoiar a Revolução Constitucionalista e promoveu a “Campanha Nacional de Aviação” que consolidou a Força Aérea Brasileira.

Assis foi um empresário genuíno, com espirito inquieto e empreendedor, sempre adquirindo novas tecnologias para os Diários Associados. Foi assim com uma máquina Multicolor, a mais moderna máquina rotativa de que se tinha noticia, e cujo o grupo de Chateaubriand foi o único a possuir por longo tempo. Foi também assim com os serviços fotográficos da Wide World, que possibilitavam uma transição de fotos do exterior com uma rapidez muito maior do que qualquer outro veículo nacional. Inovou com a publicidade - grandes contatos com exclusividade para lançamento de produtos em geral, com empresas do porte de General Electrics e Toddy, cujo anúncios estavam sempre nas páginas de seus jornais e revistas. Continham em seus jornais artigos assinados por escritores e artistas consagrados e desconhecidos: no total, foram mais de 11870. Entre esses artistas estavam grandes nomes da literatura, do jornalismo, e da pintura, dentre eles Graça Aranha, Millor Fernandes, Anita Malfatti, Di Calvacanti, Candido Portinari, entre outros.

Genial e maquiavélico são os atributos com que mais frequentemente se descreve a pessoa de Chateaubriand. Autêntico manipulador da opinião pública, Chatô chantageava as empresas descaradamente para atingir seus inimigos, e as que não anunciassem em seus veículos ou não contribuíssem para suas causas. Inventava mentiras sobre seus inimigos em seus meios de comunicação. Cansado de ver seu nome indultado, Francisco Matarazzo Jr. “ameaçou resolver a questão à moda napolitana; pé no peito e navalha na garganta.” Chateubriand devolveu: “responderei com métodos paraibanos, usando a peixeira para cortar mais embaixo.” Foi arquiinimigo de Rui Barbosa e Rubem Braga.

Apesar disso sempre manteve relações cordiais em troca de interesses econômicos com pessoas influentes como o Conde Francisco Matarazzo, Rodrigues Alves, o presidente da poderoso truste canadense de utilidades públicas Light& Power Alexander Mackenzie, o empresário americano Percival Farquhar e Getúlio Vargas.

Apesar de toda sua fama não poderia servir de exemplo de jornalista ético, por diversas vezes colocou seus interesses pessoais e financeiros acima de sua responsabilidade com a sociedade, era tão poderoso e temido que alterou a lei para ter a guarda de sua filha caçula Teresa. Negociou empréstimos que nunca foram pagos com o presidente Gertúlio Vargas e Eurico Gaspar Dultra.




Chatô obtinha o poder e o monopólio em suas mãos, até Winston Churchill ex-primeiro ministro do Reino Unido, se ajoelharia a seus pés para inacreditavelmente, ser condecorado com a “Ordem do Jagunço” legião criada por Chateaubriand.

Chateaubriand não fazia segredos sobre seus métodos.“Com dinheiro, qualquer português compra”, disse certa vez.“A competência está em comprar sem dinheiro.” Não era figura de retórica. Chatô comprava empresas e obras de arte sem sacar um talão de cheques.

Pode se fazer um paralelo com o livro “O Príncipe”. Maquiavel eximia os governantes da sujeição aos princípios ou normas emanadas da ética. A justificativa dos meios empregados para a consecução dos fins desejados outorgava à razão do Estado o caráter de princípio da hierarquia superior.

“Os homens tem menos escrúpulos de ofender quem se faz amar do que quem se faz temer.”

Sendo assim, o autor intui que os príncipes antes de serem amados, devem ser temidos, e jamais odiados.

Tendo em vista toda a estratégia de Assis Chateaubriand e sua falta de ética profissional, é impossível desprezar a importância desta figura ilustre, grande contribuinte e enriquecedor da cultura e do desenvolvimento do Brasil, fez de uma maneira diferente e colhendo dos mais favorecidos o que muitos dos poderes políticos e organizacionais não fizeram ou fazem, criar um patrimônio que é social.

Foi um homem de grande poder de estratégia, que surgiu pobre e analfabeto e usou de artifícios e poder para alcançar seus objetivos. Soube aproveitar momentos para alcançar um desenvolvimento que levaria décadas para chegar ao Brasil, trouxe tecnologia de ponta, investiu em cultura. Morreu em 04 de abril de 1968, deixando seu patrimônio, os Diários e Emissoras Associados, para um grupo de 22 funcionário. Mas o maior patrimônio que Assis Chateaubriand deixou para o povo brasileiro, com todas as críticas a ele feitas ou mencionadas, foi uma expressiva contribuição ao desenvolvimento nacional. Diante do exposto, talvez não seja difícil entender a defesa do princípio maquiavélico de que “os fins justificam os meios.”










Pesquisa elaborada por NATALANEI ESTEVAM SILVA

Fontes:

Fernando Moraes "Chatô o rei do Brasil" Companhia das letras

Maquiavel "O Principe" Os pensadores

Nenhum comentário: